Revela-se a impressionante pulverização de votos, em João Pessoa, com 4 candidatos empatados tecnicamente

Sérgio Botêlho - A primeira pesquisa Ibope aponta imediatamente para uma disputa bastante difícil comum a todos os candidatos. Com a elevada margem de erro apontada pelo instituto (na base de 4% para cima ou para baixo), do primeiro ao quarto lugar há rigorosamente empate técnico.

Os números:

Cícero Lucena - 18%

Nilvan Ferreira - 15%

Ricardo Coutinho - 12%

Walber Virgulino - 10%

Ruy Carneiro - 7%

Edilma Freire - 5%

Raoni - 2%

Anisio Maia - 1%

João Almeida - 1%

Camilo Duarte, Carlos Monteiro, Pedro Honorato e Rafael Freire - 0%

Branco/Nulo - 20%

Não sabe/Não respondeu - 8%

Por sinal, não é comum o Ibope promover levantamentos de opinião com margem de erro tão elevada. Certamente, as condições mais difíceis provocadas pela pandemia obrigaram o instituto a subir tanto a possibilidade de errar.

Do primeiro ao terceiro lugar para os observadores mais atentos não há surpresa. Cícero Lucena (PP), Nilvan Ferreira (MDB) e Ricardo Coutinho (PSB) contam, desde o início, com as maiores chances de liderarem o pleito, agora no início.

A surpresa, na minha visão, é, primeiro, com a votação do deputado Walber Virgulino (Patriota) que, com 10%, se mantém na cola dos líderes. E, mais do que isso, tecnicamente empatado com os três.

Outra surpresa é a votação - por enquanto, logicamente - de Edilma Freire (PV), defendida pelo atual prefeito Luciano Cartaxo, do mesmo partido. Com 7% fica um pouco distante dos líderes, mesmo levando em consideração a margem de erro.

Os candidatos

Cícero Lucena tem a seu favor o próprio nome de ex-prefeito, ex-governador e ex-senador da República, cujo desempenho nos cargos foi, ao final, bem visto pela população. Além disso, conta com o apoio do governador João Azevedo (Cidadania). E tem autorização para a disputa apesar do inquérito a que responde.

Nilvan Ferreira tem a seu favor a popularidade dos tempos de rádio, quando exercia a função debaixo de muita popularidade, por conta do perfil combativo aos olhos da população. Tem, além disso, o apoio do MDB, um partido bem enraizado na Paraíba e em João Pessoa.

Ricardo Coutinho também goza de prestígio pessoal comprovado pelo desempenho como governador e prefeito, apesar dos desgastes sofridos ultimamente por conta de inquérito a que responde. Talvez por isso os 12% apenas, até agora, de intenções de voto, que, se forem analisados com rigor, causa surpresa. 

Walber Virgulino, esta, sim, a surpresa da primeira rodada do Ibope, parece ter sua popularidade escorada no bolsonarismo, que, no entanto, ainda não tem candidato oficial na disputa pela prefeitura pessoense.

A candidatura do deputado Ruy Carneiro (PSDB), no que pese à falta de apoio maiúsculo nas estruturas de poder, mostra-se bem aquinhoado de votos nesse início de campanha. Seu prestígio pessoal e do seu partido, com os anos de governos Cunha Lima, lhe favorecem nos 7% obtidos.

Sobre Edilma Freire, é preciso não apostar muito na previsão de que sua performance não vai melhorar. Neste momento, nem é possível dizer que sim nem dizer que não. Há chances reais de subir pelo crescimento do apoio da máquina da prefeitura.

Certamente, há um incômodo, revelado pela pesquisa, no desempenho, por enquanto, do candidato do PT, o combativo deputado Anísio Maia, com 1% das intenções de votos. Não estaremos afastados da realidade se dissermos que, por enquanto, os votos da esquerda estejam indo para Ricardo. E, em algum grau, para Edilma

Com um empate técnico, assim, generalizado, e sem nenhum postulante distante um do outro, até agora, não é possível afirmar que algum deles esteja a emitir qualquer sinal de que vai diferir mais rapidamente dos demais e, em cima disso, disparar na dianteira.

Na próxima sexta-feira, 09, tem início a propaganda eleitoral no rádio e na TV. Junto com a Internet, vai ser importante arma dos candidatos para avançar na conquista dos votos, onde  todos têm chances de crescer.

Portanto, não se admirem se alguém seguir para o segundo turno com 20% dos votos, ou até menos. Ou mesmo os dois a disputarem o segundo turno estarem muito próximos desses 20%.

Será uma das eleições onde os votos terminarão mais pulverizados, entre todas as campanhas que já houve em João Pessoa, desde que a capital paraibana passou a disputar a prefeitura com base em dois turnos eleitorais.

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