Consórcio de imprensa em favor da vida


Sérgio Botêlho - O Jornal Nacional da TV Globo veiculará, nesta sexta-feira, 29, comercial, sob a responsabilidade de um pool de órgãos de imprensa, para explicar a importância da vacinação como único meio possível de extinção da pandemia, no Brasil.

Esse acordo temporário entre organismos midiáticos é o mesmo que, em junho do ano passado, resolveu tomar para si a responsabilidade pela divulgação diária de números confiáveis sobre a evolução da covid-19, no Brasil, justamente quando faltou credibilidade, para isso, ao Ministério da Saúde.
Quando tiveram início as atividades do consórcio da imprensa, desconfiava-se que o Ministério da Saúde pudesse, então, mascarar as informações, a partir da modificação, em curso, na plataforma oficial de divulgação. O governo não escondia sua insatisfação com os números.
Foi assim que Folha de São Paulo, Estado de São Paulo, O Globo, Extra, G1 e UOL assumiram, por meio de sucursais e agências, a tarefa de reunir as informações diariamente divulgadas pelas secretarias de Saúde estaduais, apresentando, a partir daí, os números nacionais.
A veiculação da publicidade em favor da vacina dá sequência a outra medida, sobre o mesmo assunto, tomada pelo consórcio da mídia, que resulta na divulgação diária, junto com a do número de infectados e mortos, da quantidade de vacinados, no país.
O problema, assim como aquele de junho, que motivou a formação do acerto da imprensa, diz respeito à intensa campanha feita por governistas, incluindo o próprio presidente Bolsonaro, contra a vacina, no intuito de desmoraliza-la.
Aliás, uma campanha que não para. Senão pelo Palácio do Planalto, oficialmente, mas, por muitos bolsonaristas que continuam, pelas redes, a propagandear fake news contra a vacina, no intuito de desestimular a população.
Segundo divulga o jornal O Globo, em sua edição desta sexta-feira, 29, a mensagem do primeiro vídeo diz que “É hora de dizer Vacina Sim. Ela protege você e protege os outros. Vacina Sim. Uma campanha para todos”.
O esforço tem a ver com a importância da imunização vacinal para a retomada da economia, uma vez que reina entre os empresários a certeza de que não há ambiente possível para a plena atividade empresarial sem que se vença a pandemia.
O quadro fica ainda mais terrível em virtude do recrudescimento da doença, no Brasil e no mundo, especialmente devido às novas variantes do vírus, em boa parte mais perigosas tanto na capacidade de infectar quanto na de matar.
Especificamente, no Brasil – ainda que já tenha sido detectada em outras partes da Terra – a mutação observada a partir de Manaus está atormentando o país inteiro, com apontamentos científicos que sugerem ser mais perigosa, ainda.
A nova iniciativa do consórcio de imprensa, portanto, deve ser saudada com elogios. O que é lamentável é que o papel que está sendo desempenhado pela mídia brasileira, na terrível epidemia que estamos atravessando, não esteja sendo assumido, integral e confiantemente, pelo governo.
É de se esperar que a massificação da publicidade em favor da vacina consiga derrubar a campanha contrária que vem sendo desenvolvida nas redes. Dessa forma, ao expor os benefícios da vacinação em favor da vida.
Por outro lado, é importante manter a esperança de que o supremo interesse pela vida, e, por conseguinte, pela vacinação em massa dos brasileiros, signifique uma verdadeira união nacional por mais vacinas, desde que aprovadas por organismos nacionais e internacionais.
O que implica a consciência – é fundamental insistir - de que não é possível retomar a atividade econômica, em toda a sua plenitude, sem que a questão da pandemia esteja resolvida. Provando que não há qualquer incongruência em situar a vida como essencial à economia, pois essa é a verdade.

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